quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A "tríade inseparável" em sistemas de escoamento forçado de fluidos incompressíveis

Em grande parte das aplicações industriais, rurais e urbanas, sistemas de escoamento de fluidos incompressíveis (ver nota) requerem a utlização de bombas. Isto se dá desde aplicações complexas, como bombeamentos de fluidos não-newtonianos através de bicos de aplicação em injetoras de termoplásticos, até as funções mais simples, como sistemas de recalque em edifícios residenciais, ou bombas de captação de água em irrigações rurais.
No entanto, para um correto funcionamento do sistema, o projeto e a execução devem observar a necssidade de outros dois itens, além da bomba propriamente dita. A figura abaixo auxilia na identificação destes itens de projeto.
1) tanque ou vaso de acúmulo da bomba - é um recipiente, devidamente dimensionado de acordo com a vazão da bomba, que visa suprir a entrada da bomba com o fluido escoante, garantindo uma energia mínima de entrada necessária para que a bomba não cavite (NPSH).
2) bomba - é o equipamento responsável por fornecer a energia necessária para que o fluido escoe. Podem ser rotativas, de deslocamento positivo, ou outros tipos alternativos. Na saída da bomba, a energia entregue ao fluido encontra-se armazenada na forma de pressão.
3) Válvula da saída da bomba - tem por objetivo regular a vazão de saída da bomba, bem como possibilitar a interrupção do fluxo do fluído, quando necessário.
Esta "tríade" deve estar presente em todo sistema de escoamento forçado. O que muitas vezes ocorre é que o elemento pode estar presente de maneira não evidente. Por exemplo, as chamadas "bombas autoescorvantes" são bombas que possuem acopladas a carcaça seu próprio vaso de acúmulo. E que dizer das bombas de captação para ETAs ou irrigação? Neste caso, normalmente são utilizadas bombas submersíveis, onde o impelidor da bomba entra em contato direto com o corpo de água de onde ela esta sendo captada. Assim, o próprio corpo de água - rio, lago, açude, etc - serve como vaso de acúmulo da bomba.
A ausência ou mau dimensionamento de um destes elementos pode comprometer o bom funcionamento do sistema. Como exemplo, veja o caso do que ocorreu em um condomínio horizontal da grande Porto Alegre, cujo abastecimento de água se dava através de captação em poço artesiano.
Foi relatado que o sistema de abastecimento das casas não atendia satisfatoriamente a demanda, chegando a água com "pouca pressão" (tecnicamente, seria baixa vazão) as residências. Constatou-se que parte das residências estava utilizado escoamento puramente por gravidade, enquanto outra parte se valia de pressurizadores (bombas de pequeno porte) instaladas na entrada. O que, então, ocorria? Havia ausência de vasos de acúmulo antes de cada pressurizador, gerando assim uma pressão negativa na rede de abastecimento do condomínio, o que ocasionava a baixa vazão, mesmo nas residências com pressurizador. A solução seria: a)instalação de um sistema de pressurização "central", na saída do reservatório do condomínio; ou b)instalação de reservatórios individuais em cada residência, e pressurizadores instalados na saída dos reservatórios.
O exemplo acima ilustra a importância de se observar a "tríade" dos sistemas de escoamento forçado para fluidos incompressíveis. Evidentemente há outras variáveis de projeto, que devem ser levadas em conta para o correto funcionamento do sistema. A melhor alternativa para contornar um problema com sistemas de escoamento forçado é solicitar a revisão do sistema por parte de um engenheiro químico, mecânico ou sanitarista.

Nota: Fluidos considerados incompressíveis são aqueles que sofrem variação insignificante do seu volume com a variação da tempertura. Pode-se dizer que a maioria dos líquidos enquadra-se na definição de fluidos incompressíveis (água, óleo, gasolina, etc). Já os fluidos compressíveis são aqueles que variam grandemente seu volume com a temperatura. Neste enquadram-se a maioria dos gases (ar, GNV, GLP, etc).

domingo, 23 de janeiro de 2011

Por que contratar um engenheiro para realizar um estudo de mercado?

Um estudo de mercado pode ser definido como uma atividade interdisciplinar de coleta, organização e interpretação de dados econômicos e sociais, obtidos através de técnicas analíticas, estatísticas ou outras, visando o embasamento para tomada de decisões estratégicas. Ou, conforme a ESOMAR (European Society for Opinion and Market Research), "inclui pesquisas de opinião e sociais, e é uma sistemática obtenção e interpretação de informações a respeito de indivíduos ou organizações, valendo-se de técnicas e métodos estatísticos e analíticos das ciências sociais aplicadas, para fornecer insight ou suporte à tomada de decisão." (tradução do autor) - ICC/ESOMAR International Code on Market and Social Research.
Portanto, uma vez que seus métodos e campos de pesquisa encontram-se majoritariamente no campo das ciências econômicas e sociais, que razões há para confiar um estudo de mercado a um engenheiro?
Em primeiro lugar, vale ressaltar que o currículo acadêmico de um engenheiro abrange uma ampla gama de conhecimentos. Muitos destes currículos incluem os campos de economia, administração, e até mesmo aspectos jurídicos e sociais. Evidentemente isto varia de acordo com a instituição de ensino, e com a especialidade da engenharia em questão. Tomando como exemplo o currículo de Engenharia Química da UFRGS, nele constam disciplinas como "Engenharia Econômica e Avaliações" (60 h), "Administração e Finanças" (60 h), "Tópicos Jurídicos e Sociais" (30 h), além de "Probabilidade e Estatística" (60 h), e "Planejamento e Projeto da Indústria Química I" (60 h), onde desenvolve-se um anteprojeto para uma indústria química, incluindo as justificativas econômicas e mercadológicas do projeto, que demandam um estudo de mercado.
No entanto, a principal vantagem de um engenheiro realizar estudos de mercado é o conhecimento técnico do produto. Embora o objeto de estudo de um estudo de mercado é o "mercado" propriamente dito, este mercado refere-se a um determinado produto ou serviço. Tome-se como exemplo o estudo de mercado para determinado serviço técnico. Que nichos de mercado podem ser atendidos por este serviço? Quais os segmentos são mais atrativos? Que riscos e dificuldades técnicas podem ser encontradas? Estas questões serão mais facilmente compreendidas e respondidas por alguém com conhecimento técnico. Em outro exemplo, suponha-se que se deseja produzir determinado equipamento. Quais as possíveis aplicações não óbvias deste? Que recursos ele precisa ter para atender a necessidade e demanda do mercado ou consumidor final? Novamente, são questões de cunho técnico, onde um engenheiro é o profissional mais capacitado para atuar.
Evidentemente, grandes estudos de mercado devem ser conduzidos por equipes multidisciplinares, integradas por profissionais das ciências econômicas, ciências sociais e ciências exatas aplicadas. Entretanto, em função do produto ou serviço para o qual se deseja informações mercadológicas, a opção por um engenheiro da área para conduzir o estudo pode ser uma alternativa vantajosa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Briefing: Estudo de mercado para distribuição e operação logística de produto químico

O estudo teve por objetivo avaliar a possibilidade de certa empresa tornar-se distribuidora de um produto químico importado para indústrias, além da possibilidade de tornar-se operador logístico para importação do produto. A análise inicial de oferta/demanda apresentou uma defasagem de 50% da produção nacional em relação a demanda do produto. Avaliando as projeções de oferta e demanda, segundo fontes governamentais e consultorias particulares, identificou-se um cenário de crescimento gradual e constante para os anos seguintes na demanda, em contraste com poucas intenções de ampliação na capacidade produtiva nacional. Regionalizando a análise, identificou-se que o estado onde a empresa está situada apresenta demanda significativa do produto, ao passo que não possui produtores. Estimando-se um atendimento de 50% da demanda regional, constatou-se ainda que a estrutura logística existente na referida empresa seria compatível com a demanda. Calculando-se o spread para distribuição do produto importado, chegou-se a um valor médio de 10% de margem, em relação ao valor do produto internado. Aliando-se a esta formatação a opção de realizar a operação logística para empresas com contratos de importação do produto já firmados, concluiu-se do estudo a possibilidade de incremento de margem na ordem de 5% da margem atual da empresa

Boas-Vindas

Sejam bem vindos ao blog Engenharia, Estudos e Consultoria!
Este blog tem por finalidade trazer informações técnicas e científicas que contribuam na solução de problemas comuns em unidades industriais - ou até mesmo rurais ou urbanas - bem como servir de portfolio do autor, com relação a trabalhos realizados. Sinta-se a vontade para tecer comentários no blog, ou para entrar em contato através do e-mail engsmoura@gmail.com.